domingo, 12 de maio de 2013

EVITANDO OS RISCOS


 


Domingo, 12 de maio de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo
  
É curioso: quando acontece uma tragédia, logo surge uma onda de tragédias iguais ou muito parecidas; agora é a vez desse crime bárbaro que é o estupro. Desde o horror que aconteceu com a turista americana, outros casos foram surgindo, e ultimamente são os adolescentes que têm aparecido no noticiário por abordar suas colegas de colégio de forma pouco respeitosa _ para dizer o mínimo.
          Em São Paulo, garotos se comportam de maneira condenável com meninas da mesma escola, sendo que são todos, eles eelas, muito jovens. A família das meninas se queixam à diretoria do colégio, que por sua vez procura os pais dos garotos, o assunto chega à imprensa e nada _ ou quase nada _ é resolvido.
          Sobre o assunto, o caderno Equilíbrio, da Folha, ouviu diversas opiniões. Rosely Sayão, colunista do jornal, se expressou dizendo que “a sexualidade desses jovens está muito exarcebada e eles não têm noção do respeito”, e continuou: "a fase dos 13, 14 anos é a pior; é quando a efervescência hormonal se junta à hiperestimulação”. Mais adiante, a psicóloga da Unesp, Renata Libório, se dirige à família e à escola, pregando “por que não respeitar a menina, não importa a roupa que ela usa?”  Estão certas as duas, e só me surpreendi ao saber que a sexualidade dos garotos está exarcebada tão cedo: 13, 14 anos? Pensava que nessa idade ainda fossem pouco mais que crianças.
           Fiquei pensando: é claro que família e escola devem fazer de tudo para que esses adolescentes respeitem as meninas, mas sinceramente, é difícil. Basta ligar a televisão, ler as revistas, e ouvir contar que as jovens estão “ficando” com vários garotos nas festas, se e gabam de terem beijado 5, 10 ou 15, nem sei, outra leiloa sua virgindade, todas se vestem de maneira provocante _ e vamos dar esse crédito a Xuxa; foi a partir de seus programas na televisão que a infância começou a ser sexualizada, e que as crianças se vulgarizaram, passando a ter, como sonho de consumo, sapatos desaltinho, unhas pintadas, boca vermelha de baton, como verdadeiras chacretes em miniatura.  
           É claro que o ideal é que as meninas sejam respeitadas, mas para isso, é preciso também que elas ajudem. As famílias devem orientar os filhos a serem seres civilizados, claro, e ao mesmo tempoensinar às filhas a não usarem shortinhos, minissaias de um palmo, jeans que mal cobrem a virilha, tops mínimos, camisetas em cima da pele, e por aí vai. Se aos 13, 14 anos, a sexualidade dos meninos está exacerbada, não deve ser só a deles; a delas também. Desde que o mundo é mundo as mulheres gostam de provocar, de se exibir, de se sentirem desejadas. Faz parte do jogo, mas a sexualidade masculina é mais violenta, e é aí que mora o perigo.
           O mundo não é o que gostaríamos que ele fosse, e os riscos são permanentes, até para quem fica dentro de casa. Quem andar sozinha à noite numa rua deserta vai correr mais risco de ser assaltada, quem estiver vestida de maneira mais provocante vai correr mais risco de ser desrespeitada, quem abrir a porta de casa sem saber quem está batendo vai correr mais risco de ter sua casa invadida. Os meninos têm que fazer a parte deles, e as meninas a delas.
           E tem uma coisa que vejo nos jornais, mas que não consigo compreender. Estupro em ônibus, como assim? Como é possívelhaver estupro dentro de um ônibus?
           Pois tem.

            

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